Em 1808, chega ao Rio de Janeiro a Família Real. Junto com a comitiva sessenta mil peças, entre livros, manuscritos, mapas, estampas, moedas e medalhas, itens que iriam compor o acervo inicial da Real Biblioteca Nacional. Sua fundação foi em 29 de Outubro de 1810, por decreto de D. João VI, autorizando a abertura do equipamento para os estudiosos. O Dia Nacional do Livro hoje comemorado é uma alusão a essa fundação, e na semana que o precede, comemora-se a Semana Nacional do Livro e da Biblioteca.
Hoje, a Biblioteca Nacional do Brasil, ou simplesmente BN, ainda mantém grande parte do acervo da época, verdadeiras obras raras, dentre elas, podemos citar um exemplar da primeira edição de “Os Lusíadas“, de Camões, datada de 1572, e a primeira edição da “Arte da gramática da língua portuguesa”, de 1595, escrita pelo Padre José de Anchieta.
Mas, é importante voltar ao passado remoto para conhecer a trajetória do livro, carregada de história, desde as tabuletas de argila, passando pelos rolos de papiro, códices de pergaminho, pelos livros manuscritos em papel de trapo e os impressos em papel de celulose, até a chegada dos livros em bits e bytes, os livros eletrônicos, os e-books da atualidade, todos eles carregados de verdadeiras tecnologias de ponta para suas épocas e contextos.
É notório que o livro se propagou de forma universal e exponencial com o surgimento da imprensa de Gutemberg, na Idade Moderna, pois antes disso os exemplares se limitavam à capacidade de copiar dos escribas, na Antiguidade, e dos monges copistas, na Idade Média.
O livro é um instrumento universal, transmissor de ideias, de cultura e de conhecimentos. Livro que hoje assume diversos formatos, mas que na sua essência se mantém fiel as suas origens, levando histórias reais e ficcionais, teorias e alegorias, conhecimento e divertimento, para o deleite e saber de seus leitores. Independente da forma, ele continuará sempre existindo, físico, digital, mais tarde, quem sabe, o livro holográfico da ficção científica, fluido, telepático ou mágico como o livro infinito de Jorge Luis Borges, objeto da sua obra O livro de areia.
O fato é que prescindimos dele, tanto para escrever e registrar, como para ler e conhecer, e assim fazer o conhecimento se perpetuar para a posteridade, tal como menciona Motta, em A vida dos livros: “Os livros nascem de uma história que precisa ser recontada várias vezes. E antes mesmo que pensemos como, eles se fazem, para que cuidemos deles, passemos aos outros o que eles contêm.” (2010, p. 106).
O Dia Nacional do Livro, neste ano, têm uma conotação especial por conta da pandemia. Em função do isolamento social, para muitas pessoas, o livro passou a ser o companheiro de todas as horas, intensificando os momentos de leitura para aqueles já próximos ou chamando a atenção para aqueles ainda distantes dessa prática. E com toda essa privação de contato muitas formas de livros e de leitura vieram à tona, porque ler transcende a semântica literal da palavra.
Nunca o livro foi tão requisitado e revisitado. Em tempos de Coronavírus, ele é a solução para diversão, instrução, meditação, orientação, distração, contação e tantas outras ações, todas benéficas e oportunas. Nesse contexto, estamos vendo muitos profissionais, pessoas públicas e até anônimas se apresentarem para leitura coletiva, lives sobre livros, contação de histórias, por outro lado, editoras disponibilizando gratuitamente livros digitais, bibliotecas que entregam livros em domicílio e tantas outras maravilhas.
Na Faculdade CDL, além do acervo físico, proporcionamos aos alunos e professores mais de 9.000 títulos da biblioteca digital, para aproximar a leitura e facilitar os estudos que transcorrem neste novo formato on-line e a distância.
Que o livro continue com essa valorização para sempre, que esse processo não sofra solução de continuidade, que venham livros e mais livros, que lotem as bibliotecas físicas e digitais, que tenhamos sempre um em mãos para leitura, que tenhamos sempre alguém para mediar a leitura e a pesquisa, cumprindo, dessa forma, as cinco leis do teórico matemático e bibliotecário indiano Ranganathan:
Livros são para o uso;
A cada leitor seu livro;
A cada livro seu leitor;
Economize o tempo do leitor;
Uma biblioteca é um organismo em crescimento.
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