Eu tinha 9 anos quando chegou na minha escola uma biblioteca circulante. Estudava numa escola pública, bem pequena. Nela, os poucos livros de que me lembro estavam trancados nos armários das professoras. Eu não sabia o que era uma biblioteca, nem por que elas existiam. Essa lembrança me parece estranha, porque depois de colocar os pés pela primeira vez naquele espaço não consegui mais viver sem ela.
A biblioteca circulante visitava a escola a cada quinze dias e acabei me tornando uma “figurinha fácil” ali. “Meus” primeiros livros me levaram para o universo mágico de Monteiro Lobato. As aspas em meus na frase anterior dá a dimensão do quanto esses livros foram importantes e o quanto me apropriei deles. A biblioteca me abriu portas que nunca imaginei poder atravessar.
Fiz da leitura meu porto seguro, meu abrigo, meu escape, minha vida.
Costumo contar a minha história sob a ótica da relação com a escola e ela não teria sido a mesma sem a biblioteca. Esperar a biblioteca chegar à escola, ver aquele caminhãozinho parar em frente a ela e poder levar para casa os livros escolhidos me dava uma sensação de prazer, de poder, de ter nas mãos um pedacinho de um mundo que não era meu.
Eu cresci apaixonada pelas histórias que os livros me apresentavam, entrei no mundo das letras e não posso imaginar uma vida sem leitura. Aprendi na minha graduação que a leitura tem um poder transformador, inquietador, libertador.
Em muitos lares, livros não há. Então, como ler, gostar de ler, ter acesso a livros se não houver uma biblioteca? A biblioteca, as salas de leitura, os espaços de compartilhamento de livros são fundamentais para que a democratização do saber aconteça. Saber é poder. Ler é poder. Conhecer é poder. Poder o quê? O que você quiser!
É incrível saber que hoje é possível ter muitos livros num clique. A mágica que a leitura propicia está cada vez mais acessível e será instrumento de empoderamento para aqueles que entenderem a importância dessa estratégia de crescimento pessoal e profissional.
Se a biblioteca chegou às nossas mãos, o lugar privilegiado para aprender agora é onde qualquer um de nós estiver. A biblioteca se amplia e nós não podemos deixar que ela passe despercebida.
Eu lhe faço um convite: deixe-se invadir pelo encantamento que os livros podem oferecer. Entre na biblioteca virtual como se fosse a primeira vez que entrasse numa biblioteca. Num determinado momento, feche os olhos e construa estantes, veja os livros nelas e imagine quanto conhecimento você pode acessar.
Não faça cerimônia, deitado, de papo pro ar, ou naquele instante de intervalo entre uma coisa e outra, pegue na estante imaginária aquele livro que o professor indicou, ou aquele que você viu no site pra vender mas não comprou, ou aquele que lhe despertou curiosidade, e simplesmente leia.
Ler é uma questão de hábito. Se ler lhe parece difícil, comece aos poucos, em doses crescentes, até o tudo que você entender e aprender possa lhe provar o que estou dizendo: ler é transformador.
A Biblioteca Virtual é um espaço de facilidades: fácil de acessar, fácil de se apropriar, fácil de se acostumar. A BV vem na contramão daquilo que parece se impor nos eventos que vivemos – quando tudo parece difícil, distante e inacessível, ela nos prova que muita coisa boa nos espera. Assim, fácil, fácil. Como não se encantar e não fazer da biblioteca o nosso novo lugar especial para estar?
Por Neurismene Oliveira. Professora da Faculdade CDL
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