Victoria de Vasconcelos Gomes | Doutoranda e Mestra em Psicologia pela Universidade Federal do Ceará (UFC). Docente do Curso de Psicologia da Faculdade CDL. Psicóloga Clínica (CRP 11/13777).
A procura pela Graduação em Psicologia aumentou consideravelmente nas últimas décadas, sendo o segundo curso mais procurado do Brasil de acordo com a Folha de São Paulo. Essa informação deve aumentar nossa responsabilidade frente à formação dos discentes, levando em consideração aspectos teórico-práticos que estejam em consonância com as demandas sociais que atravessam nossas vivências cotidianas, quer sejam na clínica, na escola, nas organizações ou qualquer lugar onde existam pessoas se comportando.
Durante as aulas, muitos alunos questionam “professora, como se destacar no mercado de trabalho com tantos profissionais de psicologia?” e é preciso tomar essa indagação como pauta importante na formação em Psicologia. Lidar com o sofrimento psíquico é, sobretudo, um compromisso ético e social, que requer estudo, atuação prática e organização frente aquilo que deseja construir enquanto psicóloga(o). Ora, destacar-se no “mercado” será uma consequência desse processo de formação comprometida com sua qualificação profissional e compromisso social.
Não existe uma “formula mágica” para ser um ótimo profissional, certo? Sim! Todavia, uma boa atuação inicia com uma base de estudos sólida, curiosa e que vai além do conteúdo visto em sala de aula. É também um exercício de autonomia! Cinco anos de graduação não dará conta de tudo que necessitamos para lidar com outro em suas mais variadas demandas emocionais, porém, entender que esse tempo pode ser fundamental como alicerce de qualificação para que, posteriormente, você construa novos caminhos é primordial.
Como estão as leituras dos textos das disciplinas? Já separou os conteúdos de estudo? Questionou a professora sobre situações que estão em um nível mais macro que o conteúdo visto em sala de aula? Pensou sobre as transformações sociais que vêm ocorrendo e os impactos disso em nossa atuação prática? Questionou-se sobre as novas tecnologias e as repercussões disso nos cuidados em saúde mental/influência no sofrimento psíquico? E a inclusão, como você a compreende enquanto psicóloga(o) em formação? Bom, são muitas perguntas, não é mesmo? É possível que o mais importante não seja a reposta objetiva para a pergunta inicial dessa conversa “professora, como se destacar no mercado de trabalho com tantos profissionais de psicologia?”, mas sim alimentar questionamentos críticos acerca da realidade social na qual estamos inseridos.
Esses questionamentos podem te mobilizar a buscar e construir respostas que, certamente, farão com que seja um profissional de psicologia comprometido, engajado, qualificado e disposto a fazer a diferença nos espaços que ocupa.