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4 supertendências do mercado de trabalho, segundo o Fórum Econômico Mundial

18 de maio de 2018

Inteligência artificial e automação ameaça até profissionais de alta qualificação e provocou mudanças profundas no mercado de trabalho

Instabilidade, mais mulheres, maior expectativa de vida e novas profissões. Para Paolo Gallo, conselheiro sênior do Fórum Econômico Mundial (WEF), essas são as tendências que pautarão o futuro do mercado de trabalho considerando as novas tecnologias e mudanças sociais. Em artigo publicado no site do WEF, Gallo afirmou que um erro comum no começo do período em que a tecnologia começou a avançar rapidamente foi considerar que apenas trabalhos manuais e de baixa remuneração seriam eliminados. O avanço da inteligência artificial e automação mostrou que atividades de alta qualificação também correm o risco de ficarem obsoletas.

Um exemplo? Analistas financeiros. Segundo Gallo, no começo dos anos 2000, o Goldman Sachs empregava mais de 600 mil corretores. Em 2017, restaram apenas dois – os algoritmos realizam o trabalho. O mesmo estaria acontecendo em todos os tradicionais bancos de investimento de Wall Street. “Praticamente todas as funções no mercado financeiro estarão sofrendo com as disrupções da tecnologia”, diz Gallo. E as transformações estão só começando. Por esta razão, é preciso se preparar e buscar novas oportunidades.

Abaixo, confira as quatro supertendências identificadas por Paolo Gallo:

1. Instabilidade

A maioria dos trabalhos em países de economias avançadas não oferecem contratos permanentes (no Brasil, seria o equivalente à contratação no regime CLT). Os profissionais têm sido contratados como prestadores de serviço ou consultores freelancers. Isso significa, esclarece Paolo, que essas pessoas ficam fora da segurança de uma rede de bem-estar social como seguro-desemprego, plano de saúde, previdência social ou férias remuneradas. Nos Estados Unidos, 94% dos novos postos de trabalho criados entre 2005 e 2015 se encaixam nesse tipo de ‘contratação’, deixando esses trabalhadores sem proteção alguma. Isso contribui para o aumento da vulnerabilidade do trabalhador, bem como um desafio para os sindicatos de sua categoria continuarem mantendo a relevância.

2. Expectativa de vida

A boa notícia é que ela tem aumentado dois anos por cada década. Em países como Japão, Itália e Alemanha, a expectativa de vida das mulheres está mais próxima dos 90 anos que dos 80, enquanto entre homens estão chegando aos 80. A má notícia está nas consequências disso. Primeiro: é possível esperar que se vá disfrutar de uma boa aposentadoria por praticamente 20 anos de nossas vidas? Recentemente, jornais italianos publicaram que há 700 mil cidadãos que estão recebendo aposentadoria desde 1982. Em outras palavras, eles estão aposentados por mais de 35 anos, o que em muitos casos é mais tempo do que passaram trabalhando.

Em segundo lugar, é preciso considerar que o modelo de vida dividido em três etapas – estudar até o começo dos 20 anos, trabalhar nos 35 anos seguintes e se aposentar após os 60 anos – precisa ser repensado. Segundo Gallo, temos que entender que precisaremos estudar por toda a vida. “Nós temos que nos tornar ‘máquinas de aprender’ se quisermos superar as ‘máquinas que estão aprendendo’ (inteligência artificial)”, diz.

3. Novas profissões

A tecnologia criou mais trabalho do que eliminou, mas a mudança é dolorosa. Um estudo recente da consultoria McKinsey revelou que 56% dos novos postos de trabalho são para realizar funções recém-criadas. Alguns exemplos? Especialistas em inteligência artificial, internet das coisas, segurança cibernética, redes sociais, startups, robótica, veículos autônomos, impressão em 3D, blockchain. No mercado, os salários estão aumentando consideravelmente para novos profissões e encolhendo entre as tradicionais.

4. Mulheres

Elas são 52% da população, mas ainda recebem salários mais baixos e são empregadas em atividades que estão abaixo do seu nível, habilidades ou especialidades. Mas, “estou convencido que o futuro pertence às mulheres”, escreve Gallo. E por qual razão? “Porque elas tendem a possuir as características humanas que darão vantagens competitivas nos novos trabalhos advindos da 4ª Revolução Industrial, como a capacidade de colaboração (no lugar da competição), de empatia, de criatividade, de ouvir e de aprendizado”, diz.

E agora?

Diante de todas essas mudanças no mercado de trabalho, é preciso também redesenhar as organizações, segundo Gallo. “Não se pode mais construir uma organização mecânica, filha da primeira Revolução Industrial, em que trabalhadores eram considerados como uma peça facilmente substituível”, afirma. Ele também defende que não podemos permitir que o modelo burocrático do setor público continue funcionando da mesma maneira. “Há que se redesenhar as organizações, mantendo em mente que pessoas devem ser empoderadas, não controladas ou forçadas a viver com o recorrente pesadelo de perder o emprego e ter que abrir mão de uma vida digna”, diz.

Para concluir, o conselheiro diz que nova realidade da 4ª Revolução Industrial nos “força a pensar e agir de uma nova maneira”. “Para realmente se adaptar ao futuro do trabalho, nós precisamos nos guiar por uma bússola moral, um radar que nos ajude a evitar os perigos e nos permita descobrir oportunidades para todo mundo”, diz. “Não podemos resolver novos problemas aplicando velhas metodologias e ideias vencidas”.

FONTE: Época Negócios